Como mensurar uma dor? A dor de não se sentir bem consigo mesma, a dor de não entrar nas roupas que estão no armário, a dor de se sentir sempre sendo olhada e julgada, a dor de ter constantes altos e baixos, a dor de se sabotar, a dor de se olhar no espelho e não gostar do que vê, a dor de não se sentir capaz de mudar. Essas são dores de um passado não muito distante, mas que carregam muita história, uma vida inteira. São traumas. São experiências que vão deixando marcas pesadas e difíceis de carregar nas costas. Mas ninguém precisa carregar peso de forma solitária, não é mesmo? Só que lidar com isso e aceitar internamente que é preciso contar com um profissional também gera dor. Ao menos, era o que me causava. E qualquer profissional também não serve porque contar com pessoas erradas pode te afundar mais. Mas a verdade é que dentro de cada um ainda existe a vontade de vencer. Sempre tem uma voz que diz "tenta" e precisamos ouvi-la. Recebi a indicação pra consultar com a Ju e resisti. Posterguei até ser praticamente empurrada para ligar pra ela e explicar minha situação. Fui sincera desde o começo: "me desculpa, não é nada pessoal, mas tenho um bloqueio com profissionais da tua área, não consigo mais acreditar". Eu caí sempre em mãos escorregadias, enquanto o que mais necessitava era de mãos que abraçassem. Um abraço que acolhe, um abraço que escuta, um abraço que apoia, um abraço que orienta, um abraço que não te solta, um abraço que te entende, um abraço que conecta. Hoje, com lágrimas nos olhos posso dizer que venho recebendo esse abraço. E é um abraço especial. Eu sigo com dor, mas é de outra forma. É a dor de precisar ser firme comigo mesma e com meu propósito diariamente, a dor de ter que dizer não, a dor de me sentir injustiçada muitas vezes perante o esforço já que o processo é lento e queremos sempre resultados imediatos, a dor de persistir e a dor do próprio exercício físico. Então sim, existem dores mas, sem dúvidas, são diferentes. Porque essas dores me fazem chegar mais longe, essas dores me fazem ser mais forte, essas dores estão ligadas ao presente e não ao passado, essas dores são de quem tem clareza do que quer e de como quer tendo consciência da própria caminhada. Cheguei aqui com uma meta: preciso entrar no meu vestido de noiva. A espera é angustiante, mas esse processo é também de autoconhecimento, de gerenciamento de tantas emoções e, no meu caso, paciência é algo a se aprender. Mas como ter paciência com um prazo definido? Afinal, o casamento tem uma data marcada. Questionamentos assim são respondidos pela Ju, que com tamanha tranquilidade e profissionalismo, segue me deixando confiante de que vai dar certo, porque estou sim evoluindo. E não falo só sobre o
corpo, falo sobre a mente. Porque o externo é reflexo de como estamos internamente, do nosso cuidado conosco como um todo. Já mudamos o plano alimentar durante a jornada, já conversamos muito. E não vou dizer que se tornou fácil, mas posso afirmar que não estar sozinha e estar nas mãos que abraçam tem me ajudado a chegar lá. Lá! Lá aonde eu não só entro no meu vestido, como também mudo uma forma de ver. De me ver. De viver. Obrigada, Ju. Por tudo e por tanto!